quarta-feira, 11 de março de 2009

Apontamento Histórico


Convento da Madre de Deus da VerderenaFreguesia do Alto do Seixalinho, Barreiro
Classificado na Categoria de Protecção como Imóvel de Interesse Municipal
A primeira pedra do Mosteiro de Nossa Senhora da Madre de Deus da Verderena foi lançada a 18 de Dezembro de 1591, a expensas de D. Francisca de Azambuja, oriunda de uma ilustre família do Barreiro, que o doou aos frades franciscanos da Província de Santa Maria da Arrábida.
Ficaria concluído 18 anos depois, em 1609, passando a ser o décimo sétimo mosteiro da ordem em Portugal. D. Francisca de Azambuja instituiu um vínculo, a ser administrado pela Santa Casa de Misericórdia do Barreiro, que em parte se destinava a prover às necessidades dos frades franciscanos da Verderena.
O mosteiro e a igreja sofreram várias intervenções ao longo do século XVII, incluindo a reconstrução das abóbadas do claustro, em 1658. As dependências conventuais foram reedificadas em 1707/8, por iniciativa do espanhol D. João António de La Concha, Contratador Geral do Tabaco, que providenciou igualmente à construção da Capela do Senhor dos Passos, ou Capela Pequena, destinada a albergar o seu jazigo.
Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o Convento foi integrado nos Bens Nacionais e vendido em hasta pública ao Conselheiro Joaquim José de Araújo, sendo então transformado numa quinta de recreio, mediante o aproveitamento da cerca conventual, com hortas e pomares.
A igreja chegou então a funcionar como adega, mantendo-se apenas a Capela Pequena. Manteve-se na posse dos descendentes de Joaquim José de Araújo até início do século XX, quando é adquirido por Guilherme Nicola Covacich, industrial têxtil do Barreiro.
Em 1970 passa para a posse da Câmara Municipal, estando então bastante degradado.O conjunto, de austera tipologia franciscana, e articulado em torno do claustro quadrangular, incluía as habituais dependências monásticas, como refeitório, cozinha e despensa, dormitórios, livraria, Sala do Capítulo, igreja e sacristia, a Capela Pequena, e ainda uma casa de meditação, a Casa de Profundis. Das obras originais seiscentistas restam apenas alguns pórticos e cantarias, entre as quais o pórtico da entrada principal, voltada a Sul, e muitos fragmentos de painéis de azulejos.
A igreja, onde actualmente funciona o auditório, é antecedida por nártex, e tem nave única, com capela-mor rectangular, uma e outra cobertas por abóbada de berço. No arco triunfal exibem-se as armas da fundadora. Destacam-se os exemplares barrocos de talha dourada, painéis de azulejos, incluindo alguns figurativos, estuques policromados, marmoreados, e ainda alguma escultura. A capela de Nosso Senhor dos Passos, fundada no início do século XVIII, conserva um altar em talha dourada e estuques polícromos, com azulejos azuis e brancos. A cobertura é em tecto de madeira.
A remodelação do edifício e espaços envolventes decorreu na década de 90, e em 1997 foi aberto ao público como complexo cultural, integrando um pólo da Biblioteca Municipal, um auditório, um restaurante, e o núcleo museológico do antigo Convento, para além de espaços ajardinados.
Sílvia Leite / DIDA / IGESPAR, I.P. / 03-10-2007(IPPAR)

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